28 de fev. de 2012 17 Declarações de outras almas

Do vazio cheio


sobretudo quando tudo sobra 
na falta que verte e surpreende
feito balão colorido - que 
se não abrigasse um vazio cheio
não subiria para fazer brilhar 
olhinhos de criança
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(sobre quê é seu poema?
eu não sei. foi por isso que escrevi.)


t. prates
Imagem daqui.
27 de fev. de 2012 14 Declarações de outras almas

Do exercício de prosa


havia decidido: a partir dali, tomaria as rédeas de tudo. Que não lhe acusassem de comodismo ou inércia – haveria de fazer por merecer a vergonha do fracasso ou as honrarias de sua glória. Até então, assumia: tinha apenas brincado de viver. Mais do que isso, tinha tido preguiça da vida. Abrir a porta do quarto pela manhã era como atravessar a fronteira rumo a um reino inóspito e inimigo. Tudo lhe aborrecia e parecia demasiado desnecessário: votos de bom dia com cheiro de café, ruas paradas pelo trânsito lento, e-mails estúpidos marcados como urgentes, contas abertas sobre a mesa. Preciso pagar as contas ainda hoje, pensava com lucidez. (A lucidez de quem sabe que o domínio da realidade pode ser menos perigoso que a rendição à fantasia, ainda que essa tanto nos descanse). As contas. Os compromissos na agenda. O carro para abastecer. E eu queria desaparecer mas prometi a mim mesma que a partir de hoje tomaria conta de tudo, ainda que tudo me doa, ainda que tudo pareça tão simples aos olhos dos outros, ainda que tudo me amedronte e me pese e pareça sempre tão mais forte que eu. (...) e (...). Respirava. (...) e (...). Fechava os olhos por instantes como que para estancar aquilo sem nome que de dentro dela parecia querer sair. (Não eram lágrimas – havia desaprendido a chorar. Chorar e rezar eram duas coisas que havia desaprendido, e isso lhe fazia falta, por mais que negasse. Aprendera a rezar apenas pra si mesma; piedosa de si, acreditava que só ela podia atender aos próprios anseios. Ninguém mais. Absolutamente ninguém mais. Não, ninguém mais havia que cumprisse esse papel. Era devota e deusa de si, ainda que isso fosse tão precário e frágil). 

[Continua, um dia...]

[Esse texto é um exercício que fiz para a Oficina de Criação Literária da qual estou participando. Decidi publicar também no blog, mesmo sem terminar, porque... porque... porque sim. Aguardo a apreciação de vocês!]
22 de fev. de 2012 10 Declarações de outras almas

Da cura


(lou)curo-te
em minhas
(in)sanidades
(sor)rio-te
em
(a)mar.


t. prates


Imagem daqui.
11 de fev. de 2012 10 Declarações de outras almas

D'a dor me ser


a
dor
me
sendo.
[haverá
sol
de
dentro
pela
manhã
?]


t. prates
7 de fev. de 2012 11 Declarações de outras almas

D'eu, rio

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| margens que delimitam  |
|   mas  também definem  |
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|              eu  -  rio              |
|                                          |
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