29 de jun. de 2011

Do poder aquém


quero o sentimento subversivo,
que contrarie até a mim.
    queria não te pensar,
    mas trago o silêncio prolixo.
quero que essa alegria frágil
se transforme em angústia domada.
    queria o sorriso dos loucos
    que sabem que a vida é tão depressa.
quero o arpejo das cordas
que preenchem o espaço de infinito.
    queria a difícil aprendizagem
    de que a pausa na pauta também é música.
quero o céu de um azul obsceno,
mas é noite de estrelas recatadas.
    queria querer o que posso
    mas eu sempre quero além.

t. prates

6 comentários:

Fabrício César Franco disse...

Talita,

Como é difícil aprender que 'a pausa na pauta também é música'. De todo o belo escrito, isso é o que mais me chamou a atenção, mais me ardeu na retina. Espero que, uníssonos, saibamos tocar a melodia sem sair do tom.

Gostei da simetria dos últimos títulos. Algo espontâneo ou de caso pensado?

Beijos, poetisa.

Poeta da Colina disse...

Alguém precisa querer mudar o mundo. =)

Guilherme Navarro disse...

Gostei muito do seu blog MESMO! Vou te seguir! Um texto coeso, bastante fluído, e que fala de sentimentos que de uma forma ou de outra estão dentro de todos nós. Esse silêncio prolixo.

Depois me visite também, moça!
Abração, um prazer!

Carina Destempero disse...

Querer, desejar e fazer: ao mesmo tempo que há abismos entre um e outro, às vezes num pulo, sem perceber, mudamos de lugar.

E tua última frase me lembrou Leminski: "Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além." Querer o que se deseja também nos leva além.

Um beijo!

Alicia disse...

Queria querer te amar com o que tenho
mas te amo com o que não tenho.

Que lindo, Talita!

Que eu!

=)

Nanda Melo disse...

Antes a pausa do silêncio, do que ouvir uma música não boa.
Antes uma folha em branco, às linhas inexpressivas.
Antes desejar o que não se pode, a ter que sucumbir à vida, que de per si já é o limite. Também desejo uma angústia domada, mas quero mesmo é continuar lendo almas subversivas. Essas sim, são interessantes e valem à pena!
Continue, continue.
Suas folhas escritas são arte; a pausa em sua alma, cria uma notável música de sentimentos.
Subverta o inverso, inverta os versos. O além já lhe é o alcance!

Bjos e outros,

Nanda.

 
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