Hoje eu estava lambendo minhas feridas e pensando na relação (amorosa, cruel, incestuosa) entre as palavras e os atos, os versos e as curvas do corpo. Que tipo de poema queremos (e fazemos) para nossas vidas? O teu está belo como sempre, guria. Dá gosto te ler.
Mas não há mudez que sobreviva num momento de versos feitos a quatro mãos, como esses que você propõe, Poetisa. A felicidade extravasa, forçando-nos - ao menos - às respirações ofegantes e aos gemidos.
O que há de esteticamente apreciável nesta composição? A mim, a condensação. A sua capacidade de condensar a sintaxe e, ainda assim, deixar abundar a semântica. Pensamos, em geral, na forma como asfixiante do sentido, como uma roupa apertada que o comprime. Mas isso é ilusão: o sentido resiste à rigidez da forma, eles mudam, engordam. Os sentidos vazam pelas palavras. Eu gostaria de estender meus comentários, dando ao poema a análise merecida. No entanto, limito a observar essa relação evidentemente enevoada entre corpo/ nudez e intenção/mudez. Corpo e nudez participam do mesmo campo semântico de mostrar-se, revelar-se. Corpos são naturalmente substâncias para serem mostradas, eles se revelam. A cultura impô-lhes a roupa, os vestiu, infundindo na alma o sentimento de pudor, de vergonha do corpo. Corpo e nudez são sinônimos. A nudez revela e nos torna livres, nos envolve no sentimento de liberdade. Corpos nus são corpos livres. A intenção traz apenas em potência a realização, mas ainda não é o ato, é a inclinação a ele. Mudez é censura, é a impossibilidade de realização. Mudez do amor, mudez da não-realização livre, liberta do amor nu, despido das tendências padronizantes, do uniforme, por isso o reivindicar a liberdade de "poemar em forma de prosa". Eis a expressão da negação de categorias distintivas! A nudez requer mistura, enlace, envolvimento...de bocas, corpos, hálitos e almas...
18 comentários:
Um poema que fala de saudade. Um poema e uma saudade. Todo poema é saudade.
Abraço, Talita!
Encantou minha alma. Lindo.
os corpos em silêncio...
Hoje eu estava lambendo minhas feridas e pensando na relação (amorosa, cruel, incestuosa) entre as palavras e os atos, os versos e as curvas do corpo. Que tipo de poema queremos (e fazemos) para nossas vidas?
O teu está belo como sempre, guria. Dá gosto te ler.
Lindo, Talita!
Nem ia entrar, achando que se tratava de mais um apelo. Esqueci que a poetisa é T. Prates e não é da sua índole chamar atenção com apelos.
Muito bonito!
Beijão
Mirze
Poema encarnado. Não há como não se envolver.
Muito belo!
Beijo.
Mas não há mudez que sobreviva num momento de versos feitos a quatro mãos, como esses que você propõe, Poetisa. A felicidade extravasa, forçando-nos - ao menos - às respirações ofegantes e aos gemidos.
Beijo!
Guria,
Letras deliciosas, saudosas e eu virei suspiro.
=)
Coisa mais linda.
O que há de esteticamente apreciável nesta composição? A mim, a condensação. A sua capacidade de condensar a sintaxe e, ainda assim, deixar abundar a semântica. Pensamos, em geral, na forma como asfixiante do sentido, como uma roupa apertada que o comprime. Mas isso é ilusão: o sentido resiste à rigidez da forma, eles mudam, engordam. Os sentidos vazam pelas palavras. Eu gostaria de estender meus comentários, dando ao poema a análise merecida. No entanto, limito a observar essa relação evidentemente enevoada entre corpo/ nudez e intenção/mudez. Corpo e nudez participam do mesmo campo semântico de mostrar-se, revelar-se. Corpos são naturalmente substâncias para serem mostradas, eles se revelam. A cultura impô-lhes a roupa, os vestiu, infundindo na alma o sentimento de pudor, de vergonha do corpo. Corpo e nudez são sinônimos. A nudez revela e nos torna livres, nos envolve no sentimento de liberdade. Corpos nus são corpos livres. A intenção traz apenas em potência a realização, mas ainda não é o ato, é a inclinação a ele. Mudez é censura, é a impossibilidade de realização. Mudez do amor, mudez da não-realização livre, liberta do amor nu, despido das tendências padronizantes, do uniforme, por isso o reivindicar a liberdade de "poemar em forma de prosa". Eis a expressão da negação de categorias distintivas! A nudez requer mistura, enlace, envolvimento...de bocas, corpos, hálitos e almas...
Façamos, pois não há quem fará.
ai de línguas-braços-laços que se fizessem, ao desejo, em nó[s].
beijo.pulo.amor.
Genial e condensado...simplesmente lindo...parabéns
Não tenho muito a dizer além de: tuas palavras adoçaram meu dia.
nosssa mt mt bom
lembrei do leminsky
Talita, uma ode ao amor,à poesia, ao significado de existir. Lindo. Beijo
Linda receita-intimação, Tá!
Poeme-se sem fim!
Beijos,
Moni
Imprimimos a alma e às vezes o papel sai manchado.
Beijos, Talita!
e todos os sentidos...
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