26 de jul. de 2011

Da moça

foi-se o caso em que era uma vez a moça. a moça era. era tanto que se excedia em ser, e se atrapalhava toda quando tinha que estar.
estar exigia borda - havia de conter o ser para caber em si de forma a se dar
aos outros. dava-se de menos ou de mais - sempre errava na medida (talvez dar-se na medida seja a santidade/perfeição humana).
os outros. que não eram o inferno - havia candura no seu olhar-de-ver. ela olhava demais, de visão de dentro atenta para o fora profundo que são os outros.
dos outros se compadecia. não por ser melhor, mas por reconhecer a dificuldade própria no alheio: estão todos atrapalhados nas doses de si.
era uma vez a moça sendo. desmedida. mas sendo.

t. prates

Às moças Carina, Nanda e Geisa.

Imagem: Troche

16 comentários:

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

Frase crucial aqui: "estão todos atrapalhados nas doses de si". Exceto quando vem em textos seus, que são exatos!

Beijo!

Carina Destempero disse...

Secando os olhos pra conseguir escrever.
Texto mais do que lindo, mais do que verdadeiro: real. Como só a poesia de verdade o é.

Obrigada por me escrever nas tuas palavras e, mais do que tudo, obrigada por ser essa amiga tão desmedida em todas as medidas.

Um beijo e todo meu carinho.

Eduardo Trindade disse...

Essas moças que são, sempre e simplesmente. Adoro-as, adoro-te, ó talentosa amiga!
Abraços!

Para Nossas Partidas disse...

A inocencia de tentar mudar nossos julgamentos errôneos...
Muito Bom!!! =D

Anônimo disse...

Ótimo texto, Talitinha!
E achei essa tela incrível, muito interessante.

Beijo.

Poeta da Colina disse...

O ser não pode ser um limite

Luana Barcelos Dantas disse...

Talita, profundo o texto e me lembrou uma pessoa, cujo amor não faz barulho, não se auto proclama e é preciso muita sensibilidade para ver o quanto enorme ele é.
Forte abraço,
Luana Barcelos

Rachel Nunes disse...

AMEI.
=D

http://penseecorra.blogspot.com/

Bruno de Andrade Rodrigues disse...

O ser é imensurável e por isso quem vive segundo o ser, quem é simplesmente quase nunca dá a mesma medida de ser que caiba na capacidade de o outro contê-lo. Ser demais pode até doer, mas vale a pena!

Beijos!
Parabéns!

Unknown disse...

Talita!

Profundamente filosófico. Sair de si para dar e se ver refletida no outro.

Mais que perfeito poema!

Brilhante!

Beijos

Mirze

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

sou/somos, também, uma/s moça/s dessas daí.
e hj lendo fernando pessoa, dialogamos através desses fios q tecem os encontros anímicos:
"eu, verdadeiramente eu, sou o poço sem muros, mas com a viscosidade dos muros, o centro de tudo com o nada à roda."

é...

beijo, flor

Caio Rudá de Oliveira disse...

estar exigia borda. botão curtir para essa frase.

Adriana Riess Karnal disse...

ser e estar...vc é poeta

Fernanda Fraga disse...

Talita, encantada com seu cantinho.

Bordar-se-ia ela, a moça e seus trejeitos todos na moldura dela de ser.
Vi deu até poesia. rs...

Beijos.

Lua Nova disse...

Lindo! Demais! Chega a ser comovente.

Fanzine Episódio Cultural disse...

Indique 3 desenhos, 3 séries de TV e 3 filmes que mais marcaram a sua vida (novos ou antigos),ok? Envie sugestões para machadocultural@gmail.com

 
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