27 de mar. de 2011

De novo, da Vida



que eu não sei te dizer com clareza o que se passa (eu ao menos sinto com clareza, e sentir é uma forma de entender em si mesmo o sentido das coisas).o que me é claro, quase resplandecente, é esse medo - um medo do não saber, um medo da falta de certezas, um medo de tanta imprevisibilidade.
um medo de que essa minha vontade de acertar seja sobrepujada pelos (des)caminhos do Acaso, pelos caprichos dessa Vida que, às vezes, me parece uma menina mimada que, dias depois, não faz questão daquilo que esperneou tanto para ter.
um medo do que o Tempo, senhor, resolva fazer com os desejos e sonhos que tenho, arduamente, trazido nas mãos.
e não sei se esse medo é resultado de uma intuição com ares de presságio ou se não passa de uma tentativa maldosa e covarde do próprio medo de me paralisar - e não me deixar dar a cara à tapa à Vida, que é o que de mais sensato e corajoso se pode fazer.
(sei que não estou sendo clara, mas eu não quero clareza, eu não preciso de clareza; o que eu quero é diminuir essa dor...)
ah!, como eu preferia uma postura de expectativa neutra diante da vida.
preferia abster-me dos discursos otimistas tanto quanto dos lamentos niilistas, sempre tão enviesados e baseados em meras constatações pessoais.
preferia render-me à força do imprevisível e admitir: não sei absolutamente nada sobre o que está por vir.
porque tudo não passa de especulação, torcida e fé nos próprios anseios - sempre um salto no escuro, sem garantia de nada. E isso eu vislumbro sem pessimismo, apenas com resignação. E resignação não é fraqueza - é apenas a confissão de que a vida sempre nos ultrapassa nos seus mistérios.


t. prates


Imagem: green and yellow

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