21 de nov. de 2009

Da humanidade minúscula


o que é a Vida
senão o que tu experimentas na sucessão das tuas vivências?

o que dizer sobre o Amor
senão das quedas e glórias que enredam as histórias dos teus amores?

o que buscar como Belo
senão ao que faz os teus olhos marejarem em êxtase?

qual é a Verdade
senão as tentativas de uma busca autêntica de significar tua existência?

onde está a Felicidade
senão nos momentos em que teu coração encontra paz?


(Intrigam-me as palavras com letra maiúscula que aludem a existências maiúsculas:
Amor - Belo - Verdade - Felicidade - Vida - e tantas Outras.
Maiúsculas tentam-nos ao inferno da comparação - e da constante insatisfação.
Maiúsculas fazem-nos, miticamente, idealizar.
Em busca das maiúsculas,
corremos o risco de negligenciar o que é ordinariamente nosso, mediocremente nosso, fatualmente nosso. Mas nosso.)

Imagem: Steve Adams

>>> Dedico essa reflexão a Adriana Tannus.

34 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Talita,

que prazer ser a primeira
a comentar este poema!

Quanta sabedoria há nele
e nas considerações que o seguem...

Parece que estamos sempre
em busca das Maiúsculas,
com os olhos e ouvidos

Tampados

às nossas, pequenas
e não menos importantes
conquistas cotidianas.

Linda reflexão
e precioso alerta!
Coisa de quem sabe! : )

Um abração!

Paulo Rogério disse...

Sutis indagações entre o ideal e o necessário, o que se vê e como se vê...
Muito belo. Beijos, Talita!

Lara Amaral disse...

Exato. Se é tão obviamente nosso, porque temos de lutar tanto por eles?

Beijos, querida!

Tiago Moralles disse...

Onde está o comentário,
se não naquele momento que a mente reflete e os dedos não escrevem?
Massa.
Microbeijo.

renata carneiro disse...

acho que é por isso que gosto tanto das minúsculas. da beleza que mora nas coisas mais simples, mais diadia.

uma beijoca, minha querida querida!

Talita Prates disse...

Re, o prazer é meu, em ver vc "estreando" os comentários! Obrigada, amiga. Outro abração!

Paulo, bom te ver por aqui! Beijos!

Larinha, o que é obviamente nosso parece não ter tanto valor aos nossos olhos. Damos mais valor ou que não se tem. Bjo, querida!

Ti, se fez refletir, é o que vale! Macrobeijo, querido.

re, é verdade: tua escrita aponta sempre para as coisas simples e essenciais. outra beijoca, queridona bonita! :)

Fred Matos disse...

Muito bom, Talita.
Ótima semana.
Beijos

HAMELIN disse...

linda publicación amiga

muy interesante

me gustó mucho !!!

te dejo un beso grande

desde Montevideo

................................

DESPEDIDA

Como um pião é a vida, companheiros.
A vida gira como tudo gira,
e tem cores como as do céu. A vida,
a vida é um brinquedo, companheiros.

De trabalhar brincamos muitos anos,
de estar tristes ou alegres, muito tempo.
A vida é o pouco e o muito que nós temos;
a moeda do pobre, companheiros.

De gastá-la brincamos muitos anos
entre risos, trabalhos e canções.
Assim vivemos dias e compartimos noites.
Mas vem chegando o inverno que esperou tantos anos.

Quando o sol se levanta a despertar a vida
e penetra umidades e delírios noturnos,
quisera novamente estar junto a vocês
com minha antiga moeda a brilhar entre as mãos.

Mas vem chegando o inverno que esperou tantos anos.
Adeus, adeus, adeus, saúda-os um irmão
que gastou a moeda de um tempo já passado.
Adeus, já chega o inverno que esperou tantos anos.

LÍBER FALCO
Montevidéu, 1906 - 1955.

Moni Saraiva disse...

Será que tudo assim, merecidamente maiúsculo tem que ser efêmero?

É tudo estado, momento e daqui a pouco, já foi?

Lindas constatações, Talita.
Coisa de gente grande!

Marcelo Novaes disse...

Talita,


Haveria uma outra maneira, também, que, provavelmente, não seria tão intrigante: substituir paz por calma, amor por carinho, felicidade por bem-estar, e outras coisas que tais. Ser menos exclamativo nos uaus (!) de cada esquina.


E, vivendo as minúsculas, de vez em quando, esbarrar na compreensão de alguma maiúscula. Como vislumbre.




Belo texto.






Beijos,









Marcelo.

Adriana Godoy disse...

Vou fazer minhas as palvras do Marcelo Novaes. Não consigo acrescentar mais nada, apenas que gostei muito. Beijo.

Cadinho RoCo disse...

Entre maiúsculkas e minúsculas eis que as letras dão acesso ao dizer.
Cadinho RoCo

J.F. de Souza disse...

Do poder
das Forças Maiores
só temos amostras

e é tudo o que precisamos.

NDORETTO disse...

Ai, não penso. Isso me angustia. Bem mais que fazer o desejado. Forte o poema. Gostei.

( nocaute)rsrsr BJs,neusa

O Profeta disse...

Lembrarás tu que as manhãs
Acordam da tua luz fugidia
És esperança de perdida estrela
Quem recolhe a dor em Deus confia

Assombração que o luar esqueceu
Nas margens de um lago azul
Hoje passou a voar por mim
A última garça a caminho do sul

Era alva como a espuma do mar
Graciosa como mulher feliz
Voava de encontro ao vento
Com olhar brilhante de petiz


Boa semana


Mágico beijo

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

nossa, q questões complexas, Li...
és mesmo uma grande Poeta; uma investigadora! =)

bom parar pra pensar em tais coisas. [afinal, as Perguntas valem até mais do q as Respostas, geralmente. ;) ]

besos

[ rod ] ® disse...

a vida é tão sublime e tão reservada... sem usá-la não há como crescer, amar e descobrir as verdades incrustadas em cada boa mentira... bjs moça e estou de volta.

Renata de Aragão Lopes disse...

Voltei para reler, amiga.
E como valeu a pena!
Além do poema,
um presente do Marcelo Novaes!

A questão é a seguinte:
como "ser menos exclamativo
nos uaus (!) de cada esquina"?

Um beijo!

Lai Paiva disse...

Talita minha querida, concordo com Renata, quanta sabedoria neste poema. Quão impecávei colocações. Você sempre surpreende mais e mais nós, seus leitores, com tamanha afinidade com as palavras. beijos querida!

Caio Rudá de Oliveira disse...

Hoje eu pulo esse poema tão pra cima...

sopro, vento, ventania disse...

Paz e Bem, essas tem que ter letras maiúsculas e minúsculas que viram maiúsculas, sabe como? Tipo aquela sensação de ter sossego em casa e levar esse sossego para a rua e para a Humanidade.
Adorei o poema e, mais e tanto quanto, seus comentários sobre.
Um beijo,
Cynthia

Anônimo disse...

Como diz Caetano, as maiúsculas desdizem nossa mátria!

Um beijo

Nydia Bonetti disse...

Toda vez que te leio me arrepio, Talita! :)

Só mesmo que entende dos caminhos da alma, da mente e sobretudo do coração, pode escrever assim.

beijos.

Sueli Maia (Mai) disse...

Talita o que dizer de uma poesia repleta de filosofia?
Faz pensar.

Beijos.

Adriana Riess Karnal disse...

EScrito assim o conceito de felicidade parece tão simples...lindo poema e grandes questionamentos...

Fabio Rocha disse...

Bom demais esse texto e essa reflexão. Viva as minúsculas coisas, como aves pintadas por acidentes no asfalto. :) Beijos

Wania disse...

Talita

Difícil mesmo é encontrar este tênue e particular equilibrio entre Maiúsculas e minúsculas na nossa Vida!
Isto seria o ideal onde, aí sim, conseguiríamos traduzir em vivências o real significado de cada um destes sentimentos.



Bela poesia, cheia de pensares!

Bjão, Amiga!

Talita Prates disse...

Fred, feliz por te ver aqui, poeta! Obrigada. Ótimos dias pra vc.

Hammelinn, me alegro de verte aquí! Me alegro de que haya disfrutado de la publicación. También agradezco el hermoso poema. Otro beso! Paz!

Moni, mais que a efemeridade, ouso questionar a existência dessas maiúsculas... Bjo, querida! Obrigada por vir.

Marcelo, caro colega de profissão: a substituição dos substantivos não alcançaria, pragmaticamente, o mesmo resultado da "retirada" das maiúsculas? Penso que sim... Ando cética quanto ao vislumbre de "alguma maiúscula". Pra mim, há só amontoado de minúsculas, e isso nem é pessimismo! :)
Agradeço muito suas considerações sempre tão pertinentes: me fazem re-pensar. Re-penso, logo re-existo. Um bjo grato!

Adriana, querida, aguardo sempre sua apreciação! Um bjo!

Cadinho: e ao viver! Obrigada pela partilha. :)

Talita Prates disse...

J.F. de Souza, agradeço e respeito teu comentário! Um abraço. :)

Neusa, não é pra nocautear! rs. A intenção é fazer pensar, sim... Bjo!

Profeta, obrigada por vir. Boa semana pra vc tb. Bjo.

Rafa-lóri: oii! Sim, também as acho complexas... "Grande poeta" não sei; grande "perguntadora": sem dúvida! E admito as maiúsculas para representar Classes de Coisas! Um bjo ENORME, querida! E, mais uma vez, muito obrigada pelo PS lá no blog!

Rod: "verdades incrustadas em cada boa mentiras"... ADOREI isso! Um bjo, grande escritor!

Re, que bom revê-la! rs
Marcelo sempre me(nos) dá grandes presentes! Quanto à questão proposta por ele, e por vc: talvez com algum "treino". Me acho tão exagerada nos "uaus"... rs. Bjo, amiga.

Lai, obrigada por vir, querida! Obrigada pelas palavras gentis e acolhedoras. Um bjo!

Caio, só pra constar:
não é uma constatação pessimista/otimista, essa do poema.
Partilho Clarice com vc: o que eu quero dizer é que: "Quando se realiza o viver, pergunta-se: mas era só isto? E a resposta é: não é só isto, é exatamente isto." (A paixão segundo G.H.).
Bjo, psi!

Talita Prates disse...

Cynthia, minha "ídola" (rsrsrs)! Também desejo paz e bem pra essa necessitada Humanidade! Que bom que gostou! Um bjo.

Marjorie, bonita: Caetano diz? (rs... ops... onde ele diz? fiquei curiosa... Em "Língua"?). Bjo!

Nydia, não sei se entendo, mas procuro, sim, entender... Esse comentário, vindo de vc, me deixa honrada! Um bjo. :)

Mai, e o mais legal é ser auxiliada pelo pensar-junto de vocês! Bjo!

Talita Prates disse...

Adriana, está aí: acho que a felicidade é, de fato, muito simples! Preciso lhe fazer uma visita... Um bjo.

Fábio: VIVA as aves pintadas por acidentes no asfalto! :D

Wania, querida: o equilíbrio é tão mais complicado que os excessos, não? Poxa... Grata por vir! Um bjão!

Talita Prates disse...

É que assim:

"Quando se realiza o viver, pergunta-se:
mas era só isto?
E a resposta é: não é só isto,
é EXATAMENTE isto."

(Clarice, minha outra analista... rs)

Anônimo disse...

Talita bonita!!!

em uma entrevista sobre o CD que tem a música Língua... Cetano é tudo de bom!!!

Publiquei aquele texto amada da Rafa e linkei teu nome, tá?!

Beijo

entremares disse...

É dificil acrescentar algo aos comentários bem sentidos que já te ofereceram.
Mas aquele pequeno texto tocou-me, é só.

Um óptimo domingo para ti.
Rolando

 
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