Ela perdeu.
Não era preciso - nem queria - que lhe dissessem que não-era-isso, se isso distorcia a realidade.
Porque perder não a roubava de si, não lhe tirava o-que-era.
Era isso, e admitir era libertador.
E vê: ainda vive. Senão intacta, ainda íntegra.
t. prates
'Então você acha que eu, euzinha,
vou deixar de amar
ou levar abraços
ou escrever uma cartinha colorida
ou dar um presente e ligar no meio do nada
ou amarrar nesta árvore um laço de fita
ou esconder poemas em sua casa
ou desenhar um mapa na minha barriga
ou plantar um girassol na janela
porque você já não me ama mais?
E o que tenho eu a ver com isso,
se você já não me ama mais?'
[Rita Apoena]